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25 de mai. de 2010

::: Extremos...


"Para além da orelha existe um som, à extremidade do olhar um aspecto, às pontas dos dedos um objeto - é para lá que eu vou. À ponta do lápis o traço. Onde expira um pensamento está uma idéia, ao derradeiro hálito de alegria uma outra alegria, à ponta da espada a magia - é para lá que eu vou. Na ponta dos pés o salto. Parece a história de alguém que foi e não voltou - é para lá que eu vou. Ou não vou? Vou, sim. E volto para ver como estão as coisas. Se continuam mágicas. Realidade? Eu vos espero. E para lá que eu vou. Na ponta da palavra está a palavra. (...) À beira de eu estou mim. É para mim que eu vou. E de mim saio para ver. Ver o quê? Ver o que existe. Depois de morta é para a realidade que vou. Por enquanto é sonho. Sonho fatídico. Mas depois - depois tudo é real. E a alma livre procura um canto para se acomodar. Mim é um eu que anuncio. (...) Amor: eu vos amo tanto. Eu amo o amor. O amor é vermelho. (...) À extremidade de mim estou eu. Eu, implorante, eu a que necessita, a que pede, a que chora, a que se lamenta. Mas a que canta. A que diz palavras. Palavras ao vento? que importa, os ventos as trazem de novo e eu as possuo. Eu à beira do vento. O morro dos ventos uivantes me chama. Vou, bruxa que sou. E me transmuto. (...) Que estou eu a dizer? Estou dizendo amor. E à beira do amor estamos nós."


Clarice Lispector


..:gUh:..

4 ..:cOmEnTaRiOs:..:

Nick* Fabrini disse...

"E à beira do amor estamos nós."

....

Anônimo disse...

CL bomba aqui...

Marina Alves disse...

Experimento viver sem passado sem presente e sem futuro e eis-me aqui livre. C. Lispector
pela primeira vez quero alterar uma frase da Clarice:
Experimento viver sem passado e eis-me aqui livre.
pq o presente e o futuro me são esperançosos!
(hmmm vou transformar isso num post... hehehe)

Judite insone * insana disse...

"E com medo do amor estamos nós"