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26 de dez. de 2009

::: Camilla - Último Capitulo...


Camilla - Último Capítulo

Era curioso como o tempo, o senhor dos enlouquentes, se ajustava em cada sensação. Os tilintares das estrelas nobres brandiam o silencio das palavras emudecidas. Cada tilintar remetia a um episodio diferente e as lembranças embebidas pelas inverdades futurísticas assumiam o controle da situação, como um refugio clandestino. Em uma fração de segundos, emergiram todos os mais belos momentos vividos por Camilla e Yan. O som do tiro rasgando o ar paralisou a todos e recriou os conhecidos reinos de poder. Esses reinos emergiam ao mesmo tempo. O sentimento composto para cada toque, cada olhar e situação vivida. Tudo isso passou em um piscar de olhos, um filme em câmera lenta preencheu aquele segundo eterno. Imagens avulsas, que em conjunto traziam à tona a historia mais verdadeira conhecida por alguém. Fragmentos rodopiavam em suas memórias. O primeiro e profundo olhar, o primeiro toque dos lábios, as viagens, conversas intermináveis, a entrega total de um para com o outro.


Um dos assaltantes segurava Camilla, enquanto o outro prendia Yan. Os dois estavam armados. O assaltante que prendia Camilla começou a passar a mão nela, despindo-a parcialmente. Camilla tremia o corpo inteiro, já estava perdendo a consciência tamanho confronto consigo mesma. Yan se alterou completamente ao ver a cena e conseguiu esmurrar o criminoso que lhe segurava. Com os fortes golpes desesperados de Yan no assaltante, a arma do mesmo voou para perto de Camilla. O outro assaltante que estava com a garota soltou-a e correu para ajudar seu comparsa que estava meio aéreo, enquanto Camilla pegou a arma no chão sem saber o que fazer, agindo por puro instinto. Gritos, choros, desespero. O assaltante que ainda continuava armado largou seu parceiro e foi correndo deter Yan de se aproximar de Camilla. Apontou a arma para Yan e puxou o gatilho em meio à correria e gritos. Antes do disparo do assaltante contra Yan, Camilla por impulso atirou na confusão de corpos contra o assaltante. Um grito de dor e pavor ecoou pela rua. Camilla soltou a arma no chão e caiu de joelhos. Com o barulho, pessoas começaram a aparecer. Os assaltantes vendo a cena dispararam a correr. Camilla havia disparado e acertado o peito de Yan. Ela estava em choque profundo, mal conseguia respirar. Brotavam lagrimas inconscientes em seus olhos, seu peito ardia como fogo, como se o tiro a tivesse acertado. Ainda sem acreditar, foi engatinhando em prantos para próxima de Yan. Não conseguia falar, estava em outro mundo, aquilo não podia estar acontecendo com ela, não, não, justo agora. Segurou o rosto de Yan entre as mãos e gritou por socorro. Ouviu de longe alguém gritar que já haviam chamado o resgate. Uma multidão cercou o acidente, vizinhos que conheciam o rapaz estavam perplexos. Camilla entrara em comunicação consigo, não sentia seu corpo, nem escutava mais nada... Focava-se toda no rosto de seu amado companheiro. Yan lentamente abriu os olhos, com a respiração ofegante, sangrando muito. Admirou sua bela menina por alguns eternos segundos, cada fração de tempo agora possuía um sentido maior. Olhou profundamente no fundo dos seus olhos e esboçou um leve e sereno sorriso. Camilla encostou seu rosto junto do dele, gritando perdão inconscientemente. Ela fechou os olhos e tocou seus lábios ainda quentes. Em seus ouvidos surgiu a voz de Yan tocando sua musica favorita, a mesma que vira ele tocando no pubb rock pela primeira vez. Abraçou-o ternamente e olhou para ele. Ele não mais olhava pra ela. Tinha partido, mais continuava com o sorriso docemente esboçado. Camilla entrou em pânico e abraçou-o ainda mais forte, falando baixinho em seus ouvidos...

- Me perdoa, Me perdoa amor... Não me deixe aqui sozinha, não me deixe, por favor... Deixa-me ir no seu lugar, não posso conviver com essa culpa.. De conseguir matar minha própria vida. Não me deixa aqui sozinha... Yan... Yan...

Valentes os de corações meticulosos que conseguem burlar todas as barreiras humanas. A culpa é uma criança de colo que saiu de seu próprio ventre. Você não pode abandoná-la, ate ter meios para isso. A culpa é o pior peso, pois é um atributo próprio e torturante. Que a todo o momento lhe lasca um tapa na cara de verdades vacilantes. E o tapa sai de suas próprias mãos contra seu rosto. E mesmo assim é uma dor que não passa, é um martírio sufocante.

O resgate chegou e rapidamente levaram Yan para o hospital mais próximo. Camilla já sabia de seu errôneo destino, pois o mesmo saiu de suas próprias mãos. Preferiu não ir junto, sem saber aguardava a policia aparecer para a interrogação. Não tinha forças para continuar. Olhares sobressaltados emergiam de todos os lugares para a menina mulher. Sentia-se suja. Podre por dentro, oca. Como se junto com o tiro, tivesse ido sua alma. Após tanto compartilhamento e cumplicidade não conseguia mais ser, sem Yan consigo. A cada lembrança que surgia ressaltada pela culpa, Camilla desfalecia mais um pouco. Não conseguia imaginar sua vida sem Yan. Seus nervos haviam paralisado e disparou a rir de tudo aquilo no meio da rua. Que idiota, ela iria acordar a qualquer momento e ver que nada daquilo era verdade. Triste fim para uma sonhadora em meio à realidade. A verdade era crua, sangrava e doía. Camilla sentia-se tonta, mas não conseguia sentir seu corpo. Estava no mesmo lugar, suja de sangue, com a maquiagem escorrendo pelo rosto, sua meia toda rasgada e parecia-lhe internamente nua. Nunca se sentiu tão exposta e impotente. Queria fugir de tudo, de todos, queria encontrar logo com Yan. Porque ele demorava tanto para buscá-la? Levantou-se transtornada e saiu correndo. Algumas pessoas tentaram detê-la, mais visto seu sofrimento não tiveram muito que fazer. Camilla não sabia onde seu corpo a levava Foi andando sem rumo com a cabeça explodindo. Andou, durante horas, talvez meses, anos em sua cabeça. O tempo já havia se desconectado e nada mais fazia sentido ou ordem alguma. Ela estava sozinha, precisava encontrar Yan. Entrou rodoviária adentro e inconscientemente se dirigiu ao banheiro. Trancou a porta da cabine e sentou-se no chão sujo, nada mais importava. Foi quando lhe veio à tona com uma dor profunda. Você matou seu amor. Não! Não! Não podia ser. Não era justo. Qual o problema em cultivar um amor tão puro e espontâneo? Que culpa ela tinha de ter cativado e ser cativada todos os dias? Porque a felicidade seria tão incerta assim, cuspida no rosto? O amor assim como Camilla não possuía definições. Ele poderia ser entendido em todas suas formas. A morte não poderia ser uma limitação para ele. Justo ele tão seguro, tão forte e poderoso, capaz de transformar o mundo. O que é verdadeiro nunca morre se eterniza em nossos corações. O essencial é invisível aos olhos, Camilla não precisava ver Yan, apenas senti-lo. Sentada em um banheiro publico de rodoviária, com papeis borrados de maquiagem ao seu lado, encontrava-se Camilla. Seus 18 anos acabados de se completar traziam a tona uma mescla de sentidos e vontades. Lagrimas emergiam como uma forma de protesto a tudo aquilo. O mundo inaugurado por Camilla era algo nunca antes visto ou citado por alguém. Ela conseguira transparecer uma visão além do normal e percebia tudo como uma forma detalhada e complexa. O que ate ali supostamente não era possível existir, ela conseguia sentir e demonstrar. Porem ela nunca se designou como “especial”, ou melhor. Era simplesmente Camilla... Sua única definição.
Perguntam-me o que aconteceu com camilla, após tudo isso. Dizem que ela continua andando por ai, que já andou durante anos e anos. A verdade é que Camilla havia se conhecido pelo espelho transparente da alma sorrateira de Yan. Partiu sem rumos, com a presença oculta de Yan ao seu lado. Sentia-o e gargalhava com ele em cada detalhe. Ao certo ela continua por ai, andando e andando. Quem sabe um dia nos encontramos por ai...
Ah Camilla, Camilla...



FIM


Gustavo de Freitas Ferreira



..:gUh:..

5 ..:cOmEnTaRiOs:..:

Nick* Fabrini disse...

Ahhhhhhhhh Adoreeeeeeiiii!!!
Triste, tristeee! Mas Lindooo!

As histórias de amor mais tristes são as mais belas, pq a morte nunca é obstáculo pra vida...
É só um recomeço!Uma outra face...

Parabéns Guh! Parabéns Camilla!
Arrasaram!


Beijooos
Te Amoooo!


p.s. hahaha adivinhei o final!

Marina Alves disse...

que lindo guh!!! intenso! apaixonante! dramático!
final nada convencional.. o que fará de camilla eterna!!! =)

Anônimo disse...

Ai Guuh... Pôxa... É fim de ano... Vc bem que poderia ter colocado um final feliz, né?
Que triste, nossa!
Te falar, viu... Eu, no lugar dela, se eu matasse meu amor, eu me matava também! Num tem como viver sabendo que você fez algo tão... Ai... Tão doloroso...
...
Bom... Não vou brigar com vc por causa do final pq vc escrever, vc q sabe... rsrs... Mas na próxima microssérie, faz um final feliz, por favor! O mundo tá precisando de histórias com final feliz...
...
Abração, migu...
Adoro vc!
...
Sammy

OBS..... por Josi kezi disse...

Perfeito!!!!
Guh adorei!!!
Incrivel mas triste!muito triste!!
Camila se eternizou...

Anônimo disse...

Finalmente! O fim de Camilla? Não, que poderei comentar! Blogspot do capeta!
Guh, nem preciso falar que Camilla foi perfeita, como tudo o que você faz! Parabéns, meu amigo de talento! Meu orGUHlho!
BJu!